domingo, 30 de abril de 2017

Vivencio De Breves Começos


É estranho.

Mas é como se eu não me encaixasse a mundo nenhum.
É como se nenhum ninho fosse o meu.
É como se nenhum ciclo de amigos fosse pra mim.

É como se todo pouso fosse incerto.
É como se eu olhasse pra trás e visse o deserto.
É como se todo sorriso não fosse sincero.
É como se ninguém fizesse questão de me ter por perto.

É ruim...

Você se sente deslocado.
Meio perdido.
Erroneamente julgado.
Às vezes, rejeitado.

É como não ter raízes em lugar nenhum,
É como não entrar, de fato, em coração algum.

É como não ser especial o suficiente.
É como se sempre chegasse alguém a sua frente.
E você se torna, então, dispensável.
Pouco notável.
Alguém descartável.

É chato...

Ninguém sente como você.
Tão pouco, consegue compreender.

Você pode falar.
Até mesmo gritar.
Mas ninguém faz questão de te escutar.

Me sinto sem voz.
Sem cor.
Sem vida.
Só queria me sentir aceita.
Amparada.
Compreendida.

É esquisito...

Me vejo tentando me inteirar, me inserir no mundo do outro.
O que o outro gosta.
O que o outro fala.
O que o outro escuta.
O que o outro faz.
E, quando noto, me vejo distante de mim mesma.
Mas se me aproximo de mim, me distancio dos outros.
E me perco.

Não sei como lidar com essa minha forma de ser.
Sem perceber me distancio e distancio de mim a possibilidade de quaisquer proximidade do bem querer.

E finjo que tô bem.
Que não preciso de ninguém,
Tropeço no meu próprio vazio.

Me perco.
Caio.
Enlouqueço por algumas horas.
Às vezes, dias.
Mas levanto.
Olho pra todo canto.
Mas sem saber que caminho seguir.

Quando acho que estou chegando.
Finalmente, me aproximando.
É hora de partir.

É como andar contra a corrente.
Contra o fluxo de toda gente.
Você anda, anda, anda.
Procura.
Se cansa.
Mas nunca chega a lugar nenhum.
Você nunca está em coração algum.

Não sou daqui.
Não sou de ti.
Só sei de mim.
De onde eu vim.

Mais ouço não.
Nem sempre sim.
Queria me sentir como uma flor em um belo jardim.
Mas me sinto como uma palavra riscada em um velho folhetim.
Vivencio de breves começos.
Mas presencio sempre um longo fim!


Renata Galbine!

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