sábado, 29 de abril de 2017

Fazer Amor


É sobre fazer amor.
Não sobre, simplesmente, transar.
Mas, sim, amar ao se entregar.
E ser amado
E ser sentido.
Admirado.
Respeitado, mesmo na forma mais intensa e fugaz.

Sabe essa sensação?
O prazer do amor.
Não só do tesão.

Vejo tantas pessoas saindo.
Se entregando.
Até mesmo mentindo pra conseguir uma transa.

Pesado, né?!
Mas real!

Vejo pessoas se sujeitando.
Em uma noite se estreitando.
Na manhã seguinte se despedindo.
E logo após se ignorando.
Como se não se conhecessem.
Como se nunca tivessem se visto.

Talvez nem se conheçam mesmo.
A fundo.
Essência.
Personalidade. Real identidade.
Mas é incrível que, o pouco que conheça, desconheça tão rápida e facilmente.

Transar por prazer.
Apenas prazer!

Desejo.
Apenas desejo!

Aliviar uma vontade.
Necessidade momentânea.
Que amanhã vai vir de novo.
E, com ela, vão vir outras situações.
E pessoas.
E momentos.
E desprezos!

O fato não é o lugar que você escolhe.
Mas com quem você vai fazer!

O fato não é como você faça.
Desde que, quem fizer com você, não te desfaça depois!

Atualmente, ouvimos de forma muito comum frases clichês.
Baixas e banais.
Vulgares.
Vazias e superficiais.

O importante é "pegar".
Fazer contagem de quantas pessoas "pegou".
"Comer".
"Tirar onda" que ficou,
E depois jogar fora.
"Cair fora".

Nos tornamos peças.
Objetos.
Restos.

Pouco vemos o amor sendo enfatizado.
A sintonia do corpo e do olhar.
O encontro da pele e da alma.
As bocas que se tocam.
O toque que se enlaçam.
Os corpos que se encaixam como imã em cada segundo de amor.

É possível, sim, transar com amor.
Mas isso parece cada vez mais raro.
A ponto de parecer impossível a possibilidade de viver.
Já que estamos mais preocupados a suprir necessidades momentâneas.

Saciar o tesão de hoje.
O meu.
Dane-se o do outro.
É o meu prazer.
Minha vontade.
Dane-se a sua verdade.
Não tô pensando no futuro.
Só quero que essa noite você esteja presente na minha cama.
Ou no meu carro.
Ou na parede da balada.
No portão da sua casa.
E depois tchau.

O quão banal nos tornamos.
Preferimos viver o hoje.
Sentir o hoje.
Do que pensar no amanhã.

Construímos castelos de areia.
Construímos teias e mais teias.
Infestadas de lixos.
Restos.
Coisas,
Pessoas
E momentos desprezíveis.

E deixamos.
Nos permitimos.
Nos sujeitamos!

Será que não acreditamos mais no amor?
Será que não pensamos mais no futuro como nossa própria morada?
E o que vamos encontrar quando chegarmos nele?

De fato, vamos chegar lá, mas, às vezes, parece que não.
Que não pensamos.
Não nos preocupamos.
Não nos importamos.

Será que somente no momento presente nos preocupamos em viver, dar e ter prazer, se entregar, conhecer, transar, deixando de nos amar?

Em que momento passamos a nos tornar objetos?

Em que momento vamos despertar e negar essa forma vazia de tratar o outro?
De se envolver com o outro.
De ter o outro.

Em que momento vamos parar de "dar" parte de nós à pessoas banais e começar a dar valor ao nosso corpo, alma e espírito?

- Você fez sexo hoje?
Não precisa me responder.

Mas responda a você:
- Você já fez amor esse ano?


Renata Galbine!

Nenhum comentário:

Postar um comentário