quinta-feira, 14 de março de 2019

Vida Breve


Tenho dito.
Tenho visto.
Tenho vivido.
Tenho sentido.

Na pele.
Na alma.
Nos dias.
Nas horas.
No coração.

Breve feito um relógio adiantado.
Disparado.

Breve feito o trem que corre nos trilhos.

Breve feito a brisa que toca o nosso rosto e no segundo seguinte não sentimos mais.

A vida é terremoto.
Tornado.
Que vem feito ventania.
Causa desordem.
Tirando tudo do lugar.

Um dia é festa, alegria.
No outro, é tristeza, nostalgia.

Lembranças de momentos.
Fases.
Flashs.

Sentimentos encubados.
Escondidos.
Mal vividos.

Sorrisos economizados.
Olhares distorcidos.

Palavras não ditas.
Oportunidades perdidas.

O tempo não volta.
A vida não se repete.
Não da mesma maneira.

Perdemos tempo com tanta besteira.

Orgulho.
Egoísmo.
Egocentrismo.

Quantas oportunidades perdidas.
Quanto tempo desperdiçado.
Quanto arrependimento.
Quanta mágoa, remorso, culpa.

Pra que?

A vida tá aí.
Sem dificuldades e sem segredos.

Nós é quem colocamos tantos obstáculos.
E tropeçamos em todos eles.

Fala.
Expressa.
Liga.
Peça.

Se desculpa.
Perdoa.
Se doa.

Olha.
Cuida.
Ama.

A vida está passando...
Viva!


Renata Galbine!

terça-feira, 5 de março de 2019

LUTO


Foi de tristeza.
Foi de frustração.
Foi de nervoso.
Foi de decepção.
Foi de desgosto.

Foi por trabalhar uma vida inteira.
Acordar cedo.
Enfrentar fábricas.
Máquinas.
Graxa.
Barulho.
Cansaço.
Sono.
E chegar onde chegou.
Perdendo tudo aos poucos.
Material.
Sentimental.

Perder o espaço.
Perder a alegria.
Perder o respeito.

Perder a paz.

Foi por estar em uma cidade que ele não gostava.
Aturando uma mulher que ele não mais amava.
E o infernizava dia e noite.
Com agressões verbais.
Humilhações.
Fazendo passar vergonha.
Limitando os seus passos e decisões.

Foi por passar dos 60 e olhar pra trás e achar que nada valeu a pena.
Que lutou, lutou, lutou e pouco conquistou.
Que tanto trabalhou e pouco restou.

Já escrevi.
Já expressei.
Que os olhos dele não tinham mais o mesmo brilho.
Que faltava assunto.
Ânimo pra sorrir, pra fazer, pra tentar.
Pra viver.

Ele chegou a me dizer.
E doeu muito escutar.
Que ele queria desistir.
Que ele não aguentava mais sofrer.

Ele descansou.
A dor terminou.
Ou não.
Mas, ainda assim, é difícil acreditar.
E, principalmente, aceitar.

Que foi como foi.
Nós dois sabemos como.

Uma hora chega o fim.
Mas não tinha que ser assim.

Eu longe de você.
Podendo te ajudar.
E nada fiz.

Você me ligou.
De tanto que a minha mãe te infernizou.
E foi dormir.

Dormir cansado.
Estressado.
Desgastado.
Humilhado.

Sozinho.

Me perdoa, meu pai.
De, pela primeira vez, não ter estado ao seu lado pra te defender.
Te escutar.
Te ajudar.
Te socorrer.

Te salvar.
Te fazer viver.

Não sei como vai ser.
Como vou viver.
Como vou aguentar.
E sobreviver.

Me perdoa.

Obrigada por tanto amor.
Aprendizado.
Dedicação.

Você deu a sua vida por nós.
Aguentando tudo o que aguentou nesses últimos anos.

Você foi homem do começo, até o último suspiro.
Nunca nos virou as costas.
Nunca desistiu de nós.
Nunca nos abandonou.

Tolerou tudo o que tolerou por amor a nós.
E eu tenho total consciência disso.

Ser humano ímpar.
Não tinha quem não gostasse de você.
Pois era muito fácil e leve gostar de você.

Gostava-se de você de graça.
De cara.

Meus agradecimentos são poucos pelo tamanho da gratidão e reconhecimento que você merece.

"Vou jantar. Estou sem jantar desde ontem."
"Os Bambis perderam."
"Aqueles paralíticos do meu time."

A sua corrida aos Domingos.
Os seus programas Sertanejo ao final da noite.
Os seus olhos azuis.
Azul céu.
Onde você está.
Vai ser difícil lidar.
Mas que você esteja em paz.

Finalmente, em paz.
Você mais do que todos nós:
Merece.

Profundamente:
Obrigada.

Eternamente:

Eu AMO VOCÊ!


Renata Galbine!