sábado, 29 de abril de 2017

Amarrando O Cadarço


Dia desses, em meio a rotina do dia a dia.
Na famosa correria contra o relógio.
Me arrumando pra sair.
Pega isso. Guarda aquilo.
Amarrando o cadarço do meu tênis, por alguns segundos, parei pra pensar.

Notei o quanto eu realizei aquilo com rapidez e facilidade.
E imediatamente me lembrei a dificuldade, no começo, de conseguir fazer aquilo.

Há muitos anos atrás, quando o meu pai, pacientemente, me ensinava.
Fazia lentamente e eu olhava.
Com muito custo,
Os dedos sem jeito,
Muitos laços desfeitos,
Fui aprendendo.

Aquilo parecia tão difícil.
Na minha mentalidade de criança, cheguei a pensar que não fosse possível conseguir.
Me irritava, mas não desistia.
E o meu pai me motivava e insistia.

Quando eu achava que havia conseguido, o nó se soltava.
E quando eu conseguia amarrar, em poucos minutos ele se desfazia.
Até que aprendi.

Mal imaginava as reais dificuldades que teria que enfrentar ao longo do caminho.
No decorrer de cada ano vivido.

E que por mais que o meu pai tentasse me ensinar,
Eu jamais seria capaz de aprender de forma plena,
Se não vivendo.
Se não errando.
Se não tentando.
Se não acertando.
Se não chorando.
Nem sempre sorrindo.
Tão pouco fugindo.
Mas encarando de frente.

A vida é exigente.
Não te dá muito tempo.
Nem é paciente quanto um pai.

Mal imaginava aquela pequena menina o quanto seria trabalhoso fazer e manter laços.
Laços humanos.
Laços familiares e de amizades.

Mais do que isso:
O quanto seria complexo desatar os nós da vida.
De tantas dificuldades surgidas.
Porém, delas, as maiores aprendizagens.

Mal imaginava o quanto era simples manusear dois cadarços que se trançam e se prendem.
Mas o quão difícil é lidar com seres humanos que nem sempre se entendem.

Mal imaginava que aquela seria uma das primeiras e menores dificuldades a ser enfrentada.
E o quão difícil tudo vai se tornando a cada fase vivida e alcançada.

Eu acho que, quando um pai ensina a amarrar um cadarço.
Ele não só ensina, simplesmente, a AMARRAR UM CADARÇO.
Ele ensina que nós, desde pequenos, temos que possuir algumas coisas dentro de nós,
Assim como:

Atenção.
Paciência.
Persistência,
Acreditar que vamos conseguir,
Tentar e não desistir.

Algumas vezes, vamos nos enganar, achando que conseguimos amarrar.
Outras vezes, vamos conseguir, mas no decorrer do caminho, vai se soltar.
Mas nem por isso vamos desistir dos laços.

Os laços da vida.


Renata Galbine!

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