terça-feira, 28 de agosto de 2018

Lembranças de uma Primavera


Dia desses, passei de carro em frente a uma casa.
De longe, antes de passar por ela, o meu olhar se fixou na entrada dela.
Um arco em flores cercavam o portão de madeira escura.

Eu aprendi e cresci chamando-a de "Primavera".
Com o tempo, até mesmo me mudando de Estado, descobri que ela têm outros nomes.
Como, por exemplo: "Bougainville".
(Levei dias pra aprender a falar. E até hoje não aprendi a escrever. Copiei do Google.)
Depois, pesquisando, descobri que ela é chamada por, pelo menos, mais dez maneiras diferentes.

Porém, é a única.
É ela.
Com essa beleza encantadora.
E incomparável.

Eu sempre gostei.
Sempre admirei.
Desde pequena.

Mas o motivo da escrita, foi a causa da lembrança de quando passei em frente àquela casa.

Ela estava tão linda, tão cheia, tão florida, com uma cor tão viva.
Que mesmo sem fechar os olhos ou estar de frente para a cena, pude vê-la como se estivesse diante de mim.
Como se eu tivesse voltado no lugar e no tempo.

Me lembrei de uma que dei de presente de Dia das Mães para minha mãe.
Me lembro de cada detalhe.
O meu pai me levou em um desses lugares enormes que vendem plantas e tudo para jardim.
Lá, juntos, escolhemos ela.
Um tamanho ideal para plantar.
E a cor que eu mais me encantei.

A minha mãe amou!

O meu pai plantou.
E, dia pós dia, fomos acompanhando o seu crescimento e evolução.
É uma planta bastante forte e resistente, diga-se de passagem.
Ela ornamenta jardins, entradas de casas.
Elas se tornam árvores enormes, mas, raramente, vimos, pois, normalmente, são podadas.

Conclusão...
Logicamente que, com o tempo, ela ficou linda.
No fundo da nossa casa, meus pais fizeram uma Jardineira.
Plantaram-a no canto direito.
E com o tempo ela fez uma copa, tomando todo aquele espaço.

Não tinha quem não gostasse.
Quem não olhasse e não se encantasse.

Voltei naquela época.
Naqueles tantos dias que a olhávamos e nos encantávamos.
E então, por dentro, me perguntei:

- "Será que ela, linda, resistente e bela, dezoito anos depois, ainda está lá?"
- "Como será que está aquela casa?"
- "Será que tem alguém morando por lá?"
- "Será que aquela Jardineira ainda existe?"
- "Será que aquela linda Primavera ainda vive?"

Me fiz mil perguntas em segundos.
Foi impossível não me lembrar.

Voltei no tempo.
Como se no tempo pudesse voltar.

Pensei também o quanto certas coisas, aparentemente, de "menor valor", são as que tem um grande e enorme valor.

Quanto custou aquela muda?
Não me lembro.
Mas é o que, pra minha mãe, podíamos dar.
É o que decidimos juntos, eu e o meu pai, comprar.

Talvez um anel com uma pedra "valiosa" não fosse marcar tanto.
Pois o anel, poderia ficar guardado na gaveta a espera de um "momento especial".
Que, talvez, nunca nem fosse chegar.

Enquanto a "Primavera", estava ali.
Todos os dias para que pudêssemos ver e admirar.
E juntos, podemos acompanhar.

O seu crescimento.
A sua beleza.
A sua essência a nos mostrar a cada dia.

E isso é o que vale.
E isso é o que fica.

Plantar um amor.
Vê-lo germinar, crescer.
Nos alegrarmos em vê-lo florescer.
E nos admirarmos todos os dias pela beleza que tem a nos oferecer.

Talvez, tenham tirado ela da Jardineira.
Talvez, a própria Jardineira tenha sido destruída.
E, de alguma forma e por algum motivo, ela não esteja mais lá.

Mas aqui, dentro de mim, ela sempre vai estar!


Renata Galbine!

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