segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Desejos Insanos


Eu tenho pensado bastante à respeito da relação humana atual.
A facilidade em conhecer alguém e a rapidez em desconhecer também.

Na época dos meus avós, e até mesmo dos meus pais, o fato de conhecer alguém levava-se tempo.

Inicialmente, observava-se de longe.
Por um longo tempo, admirava-se.
Notava-se a aparência, a vestimenta, o andar.
Notava-se o olhar!

Demorava-se para descobrir o nome.
O primeiro encontro, o andar de mãos dadas.
O primeiro beijo, então. Nossa...
Quanto tempo tudo isso levava até acontecer.

Hoje em dia, é questão de horas. Ou até mesmo minutos.
Temos disponíveis cardápios humanos nesses tantos aplicativos de celular.
Você escolhe pela cara, já sabendo o nome, idade e cidade que mora.
Rapidamente, tem o número do telefone e, se duvidar, repentinamente, está dentro do carro, procurando um lugar pra transar.

Isso me causa um vazio existencial absurdo.
Um desespero. Uma revolta. Uma quebra de esperança.
Na qual me faz desacreditar na relação humana.

Acho que, realmente, o andar de mãos dadas, pedir a mão em namoro para os pais, a fidelidade, verdade, sinceridade, prioridade, há bastante tempo, ficaram pra trás.

Hoje, trata-se de uma verdadeira orgia social na qual o desconhecido marca com outro desconhecido afim de saciar seus desejos insanos e animalescos.
E tchau!

Hoje, somos levados pela carne.
A alma não é mais alimentada e abastecida.
A essência é claramente ignorada e esquecida.

A alma se faz vazia e deve permanecer mais a cada dia, diante de um mundo tão vago e desapegado.

Acabaram-se as descobertas, as trocas de olhares, a evolução do namoro.
O tempo não é mais respeitado.
O tempo é violentamente atropelado.

Tudo é intensamente sentido em um dia e logo em seguida acabado.
Como se nunca tivesse existido.

Hoje se fala muito e sente pouco.
O seu amor não importa, enquanto têm mais três na minha porta.
O prazer é o mais focado. O resto, é resto. É deixado de lado.

Amar, está fora de moda.
O amor é facilmente trocado e jogado fora.

Será que o melhor é desistir de amar e se sujeitar?

Aonde vamos parar?!


Renata Galbine!

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