quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Reencontro Inusitado


Ainda me lembro perfeitamente daquele olhar sacana.
Olhar de mistério.
Sem dizer uma palavra.
Você me dizia:
"Te quero".

Meu coração acelerava.
A minha boca secava.
Sentia as minhas bochechas avermelhadas.

Você mais moleque.
E eu tão menina.
Como se eu estivesse começando, ali, a caminhar para a vida.

E foi com você.
Aos meu dezesseis anos.
Em uma sala de cinema.
Em que nos beijamos.

O meu primeiro beijo.

Só não teria futuro.
Você estava sem rumo.
Solto pelo mundo.
Preso na sua liberdade.

Eu caminhei, me sentindo em desvantagem.
Por não ter me querido.
Por não ter vivido o que eu desejava.
Chorava, me lamentava.
Mas cada um tem o direito de escolher.
Eu havia escolhido você.
Mas o que você queria, era curtir. Era viver.

Nos distanciamos.
Aos poucos aquela paixão dolorida de adolescente, foi passando.
Junto com o tempo.

E, nesse tempo...

Me mudei de cidade por duas vezes.
Me tornei uma mulher.

Cresci.
Amadureci.

Muita coisa aprendi.
Muitas experiências vivi.
Muitos percalços sobrevivi.
Muitas pessoas conheci e desconheci.

Vivi paixões.
Desilusões.
E até um amor.
Que, mesmo com dor, eu disse "adeus" e segui.

Fui seguindo...

Caminhando.
Me cuidando.
Cicatrizando.
Voltando a sorrir.

Eis que você reaparece pra mim.

Tantos anos depois.
Me procura.
Me encontra.
Me encanta.
Me emociona.
Me surpreende a cada dia.

Aquele menino, hoje é um homem.
Com responsabilidades.
Também com desilusões, frustrações.
Sobrevivente de quedas e tropeções.
Se fortalecendo.
Se refazendo.

Vem fazendo parte dos meus dias e deixando tudo do avesso.
O avesso que parece a posição mais certa para o meu momento presente.
O avesso que fez meu sorriso sair.
O avesso que fez a lágrima secar.
O avesso que fez a mente distrair.
O avesso que fez a flor colorir.
O avesso que fez o coração voltar para o lugar.

Eu não sei o que será do amanhã.
Que é sempre tão incerto.

Eu sei que no passado não deu certo.
Tínhamos idades quase iguais.
Mas vivendo momentos completamente destintos.

E quanto ao nosso destino...
A Deus pertence.
Hoje somos recíprocos.
E, apesar da distância que nos separa...
Temos hoje uma ligação e sintonia única que nos une.

Por isso, te digo sem sombra de dúvidas.
Se não foi, é porque não tinha que ser.
Não era a hora certa de acontecer.

Quem sabe não seja o hoje o momento certo a nos pertencer?


Renata Galbine!

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