domingo, 29 de janeiro de 2017

Em uma conversa médica...




Essa semana, tive consulta com um Homeopata.
(Pra quem não sabe o que significa, Homeopata é o especialista que faz tratamento a base de Homeopatia. É uma Medicina Alternativa que contempla a totalidade do ser humano com o prejuízo de doenças isoladas.)

Essa, foi a minha terceira consulta e todas as vezes ele me surpreende com sua inteligência e maneira de pensar.

Nessa ida, levei a ele um fato a mais:
A minha falta de paciência e instabilidade de humor.
Ele me fez várias perguntas, respondi naturalmente e tranquilamente.
Eis que ele diz que iria me fazer uma pergunta, mas antes que eu respondesse, que eu pensasse e analisasse bem. E ele perguntou:

- "Qual animal você menos gosta?" - segui pensando.
E ele complementou:
- "Um animal que você não gostaria de estar perto, quando passa na televisão você muda de canal."
Enquanto ele me perguntava e me fazia pensar, ele estava "rabiscando" em um pedaço de papel com a mão na frente, isso é: Para que eu não visse o que estava sendo feito ali.
Eu respondi e ele me mostrou no papel o desenho que ele havia acabado de fazer.

Era uma cobra!

Ele, automaticamente, disse:
- "Não quero que você se assuste. Nem pense que sou advinha. Pois não estou aqui para adivinhar nada, nem tentando. Estou indo pela linha de raciocínio que você me passa e ao que a Homeopatia me sugere."

Pois bem.
Sua próxima pergunta, foi:
-"O que você me diz sobre a cobra?" - e eu respondi, decididamente:
- "Não gosto de cobra. Elas são perigosas, venenosas. Elas são traiçoeiras. Se eu, sem querer, pisar em uma, ela vai me atacar, podendo até me matar." - e ele me interrompeu.

- "Resposta inteligente. Mas, não querendo desmerece-la, vou te mostrar que está enganada."
E eu me mantive quieta, prestando atenção. E ele continuou:
- "Você mesma disse que: "Se eu pisar em uma, ela vai me atacar.", não foi?! - balancei a cabeça!
E ele seguiu com seu raciocínio:
- "A cobra, Renata, é um animal ágil, com uma percepção enorme, observadora, atenta.
Ela tem um radar ímpar. Percebe quando algo de ruim se aproxima. E se alguém pisar nela, por engano, ou ataca-la, propositalmente, ela vai, sim, querer atacar. É seu extinto. Ela vai se defender. Mas ela, jamais, ataca uma pessoa sem motivo e, ao atacar, ela vai te olhar no fundo dos olhos, deixando claro o por que fez e quem fez. Isso te remete a alguma coisa?!" - fiquei quieta por alguns segundos.
E ele, então, quebrou o silêncio:
- "Você é assim! Com todo respeito te digo: Você é como a cobra! Não gosta de alguém, inicialmente, sem motivo aparente. Independente do que falem sobre essa pessoa pra você, independente de ser alguém da família, do ciclo de amigos, você se mantém neutra, sem grandes envolvimentos, mas lá na frente essa mesma pessoa sempre mostra que você não estava enganada por não gostar dela. Você odeia injustiça. Detesta Mentira.
Você quer deixar sempre tudo muito claro e transparente. É verdadeira, fala o que pensa e se incomoda quando não recebe do outro essa mesma forma de lidar, de tratar.
Acaba sendo agressiva quando se sente ameaçada. Estou errado?!" - balancei a cabeça, dizendo que não.

Fui apática. Pois me surpreendi com sua resposta e, principalmente, explicação.
Falei pouco naquela sala, mas saí dela com os pensamentos gritando.
Por isso, esperei que passassem alguns dias para eu parar e tentar escrever tudo isso.

Interessante a tese dele. Me fez pensar e muito.
Realmente, julgamos a cobra, mas você já parou pra pensar que tudo isso faz sentido?

Até temos dificuldade de lidar com a verdade, (umas pessoas mais, outras menos.), mas muitos possuem a mesma dificuldade em serem sinceros com o outro.
Por que?!
Por que não dizer ao outro o que ele fez que nos desagradou, o que ele fez que nos magoou, o que ele fez que nos irritou?!
Tudo depende da forma que é dita. Tom de voz, palavras usadas.
Por que, no mínimo, não guardamos pra nós mesmos?!
Preferimos verbalizar, pelas costas dessa pessoa, sobre aquilo.

Sejamos mais cobras, então.
Com um radar atento ao mal que nos cerca.
Com um olhar observador ao que nos acontece.
Com um pensamento ágil ao que nos persegue.
Com um extinto justo, certeiro e não traiçoeiro.
E com a defesa certa ao que nos oferece perigo.

Sejamos abrigo.
Sejamos defesa.
Sejamos justiça.
Sejamos amor!


Renata Galbine!

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